terça-feira, 31 de maio de 2011

VESTIMENTAS DAS CRIANÇAS NO PASSADO E NO PRESENTE
Anina L.M. Plantes
Camila Morais
Cassiane Morais
Gilciane F. Prieto

RESUMO
A evolução das roupas infantis acompanhou o desenvolvimento da concepção da infância, nos séculos anteriores é perceptível que o vestuário das crianças não era adequado com sua idade. Conforme a idéia de infância ganhou força, as roupas passaram a ter uma modelagem apropriada, ficando mais coloridas, feitas com tecidos leves e confortáveis. Porém atualmente os papéis estão novamente se invertendo, pois as crianças estão vestindo-se como adultos, estão precoces, consumistas e exageradas.
Palavras-Chave: Moda, Criança, Mercado, Comportamento, Consumo.


ABSTRACT
The evolution of children's clothes followed the development of the conception of childhood, in previous centuries is noticeable that the children's clothing was not appropriate to their age. As the idea gained strength in childhood, the clothes have been given an appropriate modeling, becoming more colorful, made ​​with soft fabrics and comfortable. But now the roles are reversed it again because the kids are dressing like adults, are premature, consumerist and exaggerated.
Keyword: Fashion, Children, Market Behavior, Consumption.

Esse trabalho tem como objetivo repensar questões relativas ao vestuário infantil. São levantados aspectos acerca da construção social da infância, assim como as transformações ocorridas no vestuário ao longo da história.
Até o período medieval não existe o sentimento de infância e a criança era percebida como um adulto em miniatura que, a partir dos 7 anos, vivenciava com esses as atividades do cotidiano. Não existindo separação entre adultos e crianças é evidente que o vestuário infantil reproduzia o modelo adulto, sendo as crianças vestidas e enfeitadas à maneira deste.
A noção romântica da infância instituída a partir do século XVIII introduziu vagarosamente, no vestuário das crianças, um caráter infantil.
A primeira herança da antiguidade não é nada boa: a vida da criança no mundo romano dependia totalmente do desejo do pai. O poder do pai, nas famílias, era absoluto: um cidadão não tinha um filho, o tomava. Caso recusasse a criança – e o fato era bastante comum, ela era enjeitada.
Essa prática era tão recorrente que o direito romano se preocupou com o destino deles, e o que acontecia com a maioria dos enjeitados? A morte, o status da criança nessa sociedade era praticamente nulo. É evidente que as crianças não eram vistas nem tratadas como um ser em desenvolvimento, com características psicossociais próprias a sua idade. No século XVII chegamos mais próximos a nossas noções contemporâneas de infância do mundo ocidental, os pensadores desse período afirmam com segurança que as crianças são importantes em si, em vez de serem simplesmente adultos imperfeitos.
O século XX constitui-se como um século de grandes transformações em várias áreas do conhecimento humano, com relações infância passou-se de um período de um sentimento inexistente, até ao século XVII, para uma época de exaltação da infância e chega-se ao final do século XX e início do XXI com uma infância reduzida.
De uma época em que o sentimento de infância é inexistente, transcorremos por um período de grande exaltação da mesma, e chegamos hoje tão precocemente ao final da infância, o ingresso da criança cada vez mais cedo em espaços fora do lar como creches e berçário, o que se torna uma realidade cada dia mais frequente influenciada por fatores externos como a mídia.
A convivência antes restrita à casa e família nos primeiros anos de vida, conta agora com um universo bem mais amplo. Vocabulário, alimentação, vestuário são fortemente influenciados por fatores externos como a mídia.
A evolução da moda infantil pode ser proibida as pinturas do século XVI ao XIX, que retratavam as crianças vestidas e enfeitadas como adultos em miniatura, os sentimentos expressos na face, mostravam que não existia distância do mundo das crianças e dos adultos.
A criança exercia dentro da organização social as atividades impostas aos mais velhos, as quais variavam de acordo com as condições social da família. Como a vida cotidiana era vivenciada sem separação do adulto, é evidente que o vestuário refletisse essa situação. O primeiro ano da criança era uma verdadeira ternura da cabeça aos pés, elas eram totalmente envoltas em faixas que mantinham o corpo aquecido e davam sustentação, com cinco anos de idade usavam túnicas simples de cor única. Da simples túnica quase monástica passou-se a um modelo mais produzido, totalmente abotoado.
Rufa, elaborada armadura, jóia, saia com volume e pesada, assim como roupas extremamente bordadas eram utilizadas sem distinção pelas crianças e adultos, e evidente que com essa indumentária a criança estava impossibilitada de exercer as atividades que hoje são praticadas por nossas crianças. Em grandes obras de arte desse período vemos crianças pequenas vestindo roupas desconfortáveis, com golas franzidas, anquinhas, calções bufantes, mangas cheias de ornamentos, saias compridas e pesadonas e até espartilhos.
Também se exigia que os pequeninos nobres usassem complementos como sapatos de salto e chapéus enfeitados com pequenas flores.
  Essa situação começou a modificar-se paulatinamente no século XVll quando as roupas se tornam mais leves e com uma conotação infantil. É o início da libertação da modelagem dos trajes infantis, que começa no final do século XVlll  e inicio do século XlX , graças as idéias  do filosofo, sociólogo e pedagogo Jean-Jacques Rousseau.
Rousseau reivindicava que as crianças não deveriam ser encaradas como adultos em tamanho reduzido, dizia que o melhor para as crianças era o uso de batas durante o maior tempo possível e então prover-lhes roupas folgadas sem tentar definir as formas. As idéias de Rousseau influenciaram positivamente o uso adequado do vestuário infantil.
As roupas assim passaram a ter matérias, modelagem e design mais apropriados à criança. Jean Jacques Rousseau provocou, por volta de 1762, uma verdadeira revolução na vestimenta infantil combatendo a moda que não dava liberdade às crianças, teoria que tinha apoio de educadores médicos e filósofos. Este movimento lentamente influenciou a adoção de tecidos leves e cores mais claras eliminando as armações das saias.
 Moutinho (2000) afirma que essa liberdade de modelagem infantil perdurou até 1860 e desse período até o ano de 1900 as roupas voltaram a ficar desconfortáveis, principalmente na modelagem de roupas femininas, a forma passou a ser a mesma das modelagens adultas apenas o comprimento variava entre altura dos tornozelos e /ou abaixo dos joelhos embora houvesse famílias que adotavam para os filhos uma moda mais informal. Porém, a roupa “oficial” era a de estilo marinheiro usada por meninos e meninas, a única diferença era que as meninas usavam saias com modelagem pregueada no inverno, usavam-se azul-marinho e o preto desbruado de branco no verão, ao contrário (branco com debrum escuro).
No inicio do século XX, surgem para as meninas os vestidos com modelagem mais cintada, conhecidos como “Rober a I americaine”.  Os meninos vestiam culotes com meias curtas e jaquetas e, eventualmente,  eram com padrões escoceses.
As décadas de 10 e 20 do século xx alteram profundamente o estilo de vida das crianças, com as modelagens de vestidos curtos, soltos e mangas curtas para as meninas, e os meninos passaram a usar calções curtos, aos estilos dos escoteiros, com isso, fica assegurada a liberdade e o conforto das modelagens infantis e as crianças ganharam mais liberdade para brincar.
Quando contemplarmos o vestuário no que diz respeito a sua modelagem tornara-se importante considerar as várias modificações que o mesmo apresentou em épocas e lugares. Nem sempre o melhor design era o mais adequado para o uso, é sábio que o vestuário desde os seus primórdios é um elemento utilizado em todas as culturas como proteção, pudor e enfeite.
Nesse sentido faz-se necessário quanto ao vestuário infantil, que a modelagem seja elaborada de forma a proporcionar conforto e liberdade de movimentos às crianças. As roupas infantis devem estar de acordo com o desenvolvimento físico, personalidade e atividade praticada pelos infantes. Roupas apropriadas contribuem para a formação do seu caráter e encorajamento ao seu acesso à responsabilidade e cooperação.
O design da roupa infantil requer conforto tanto na modelagem como nos tecidos utilizados, criança precisa de liberdade de movimento para andar, correr, pular, brincar e roupas desconfortáveis dificultam esses movimentos podendo até acarretar problemas de saúde, como postura reações alérgicas, má circulação causada por roupas apertadas, e transpiração por tecidos com má condutibilidade de calor, problemas psicológicos pela imposição dos pais ao fazer a criança usar roupas desconfortáveis e inadequadas, entre outras.
As roupas precisam, para ter melhor caimento e conforto de movimentos, uma modelagem adequada ao usuário, pois a criança contemporânea é muito exigente, determinada, observadora, e tem acesso fácil a todo tipo de informação. 
Hoje as crianças estão mais autônomas, o que pode ser positivo ou negativo. Os pais não escolhem mais roupas, os pequenos são vítimas do exagero da publicidade que os torna mais precoces, consumistas, individualistas e vaidosos. A infância está acabando cada vez mais rápido.
No mercado infantil, o presente era o brinquedo, boneca para as meninas e carrinho para os meninos. Agora a roupa divide preferências, desde cedo é imposto um padrão de vida.
A moda infantil está cada vez mais adulta, o que reflete no comportamento infantil, tornando novamente as crianças “mini-adultos”. O bom senso deve prevalecer é preciso respeitar o tempo de cada fase do ser humano
As crianças necessitam de trocas de roupas com mais frequência que os adultos, devido à fase de crescimento. Elas sabem o que gostam e o que não gostam são mini- consumidores, mas mini apenas no tamanho, os números são grandes, pois o mercado infantil movimenta 50 milhões por ano e crescem 14% ao ano o dobro comparado com segmentos adultos Lilica Riplica, do grupo Marisol, é líder no segmento, faturando cerca de R$ 340 milhões com venda para o público infantil.
O que vemos são pais vaidosos que também querem ver os filhos da mesma maneira, são garotinhas que seguem os passos da mãe como uma futura vítima da moda. A Barbie é um ícone para as meninas, a boneca é bonita, inteligente, amiga, companheira, meiga e politicamente objeto de influência na sociedade menina rica que está todo momento sorrindo, não aparenta ter nenhum tipo de problema, é bem aceita no meio em que vive amada por todos, tem amigos verdadeiros, está sempre em lugares paradisíacos. Consome muito e sempre está na moda, o que seria modelo de vida perfeito se não fosse apenas uma utopia.
Para os meninos não existe um ícone bem definido ou que exerce tanta influência como a Barbie a sociedade machista em que vivemos não deixa o homem preocupar-se tanto com a moda. Os meninos buscam nas roupas elementos que mesmo que eles não entendam se remetem a grandes paixões como: carros, esporte e aventura.
A verdade é que a maioria das crianças prefere escolher sozinha suas roupas, cerca de 76%, mesmo os pais negando a vontade dos filhos com argumentos. O que mais chama a atenção: o desenho, cor, conforto, modelo, brilho.  Para estar na moda são necessários acessórios, tecidos, preços, modelagem, qualidade, beleza, praticidade, detalhes, comprimento.
A maioria dos pais, cerca de 57%, afirma que compra roupa para os filhos frequentemente, de mês em mês .

A erotização da moda infantil

É um fato que preocupa pais, educadores e a sociedade em geral e a faz da infância uma etapa cada vez mais curta. Hoje o presente bem vindo são as roupas, acessórios, maquiagens, uma grande influência da televisão contra a educação.
As meninas andam praticamente seminuas, e o pior é o orgulho que os pais sentem em ver seus pequenos vestidos como os ídolos da TV.
Os pais então devem proporcionar aos filhos atividades infantis. Eles devem brincar com os filhos, utilizar jogos pedagógicos, assistir a filmes de acordo com a faixa etária em que eles se encontram deixar que as crianças entrem em contato com as outras crianças. A quantidade de crianças diminui a cada ano, pois o número de filhos por casal tem diminuído, enquanto o consumo das crianças tem aumentado, o consumidor está mais exigente.
Dentro do mercado infantil, já é possível atender aos desejos de diferentes crianças, as roupas não são todas iguais como antes, a criança já desenvolve seu estilo e torna-se cada vez mais vaidosa.
Os pais têm mais recursos, pois têm filhos cada vez mais velhos. Famílias fragmentadas, o que gera presentes dos pais, tios, avós. Os pais se sentem cada vez mais culpados pela ausência e gastam mais com as crianças. Os filhos estão cada vez mais maduros e entregam aos pais um resumo das últimas novidades na moda, tecnologia e alimentos para facilitar na escolha de seus presentes.
 Foi-se o tempo em que uma menina de 11 anos brincava de boneca, hoje ela é a boneca que sempre se enfeita, não devemos deixar essa tarefa apenas para os professores ou colocar toda a parcela de culpa  das atitudes da criança na mídia. Somos todos culpados e devemos todos lutar em busca do resgate da informação.

Conclusão

Diante da análise aqui realizada é possível identificar que os erros cometidos no passado, com o vestuário infantil, tornam-se novamente presentes no século XXl .
O que distingue os erros, é que nos séculos Xll, Xlll, XlX  não existia uma concepção de infância, portanto também não havia noção de que criança necessitava  de um vestuário próprio para atender suas necessidades de movimento e desenvolvimento.
Atualmente, a concepção da Infância já está formada, deste modo sabemos do que a criança necessita, mas saber não significa fazer principalmente diante a influência da mídia que está cada vez mais forte fazendo das crianças precoces consumidores cada vez mais exigentes.


Referências bibliográficas

PALOMINIO, Érika. Consumidor infantil é no alvo de estilistas e marcas de moda.
Acesso: 11de março de 2011

PALOMINIO, Érika. “Consumidor infantil absorve tendências”, diz grupo Marisol.
Acesso em: 11de março de 2011

KALIL, Glória. Os kidults e a moda
Disponível: http//chic.ig.com.br/site/seção
Acesso: 11de março de 2011

KALIL, Glória. Mais uma vez, os kidults.
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Acesso: 11de março de 2011
Universal Brasil, O Mercado de moda infantil movimenta Us$ 1,9 bilhão por ano

Vejaonline, Princesas Precoces.
Disponível: http//veja.abril.com.br
Acesso: 11de março de 2011
Vestuário e infância: entre a adequação e as determinações sociais.

BARBOSA, Rita Claudia Aguiar. Vestuário e infância: entre a adequação e as determinações sociais.
Disponível: http://fido.palermo.edu/serviciosdyc/encuentro2007/02auspicios
publicadociones/actasdiseno/articulo
Acesso: 11 de Março 2011


Super interessante
Acesso: 02 de Abril de 2011
Disponível: www.webartigos.com
POSTMAN, Neil. O Desaparecimento da Infancia. Graphia, Rio de Janeiro 1999.
ARIÈS, Phillipe. A Historia Social da Criança e da Familia. 2ª Edição.
Rio de Janeiro: Editora: LTC, 1981

Acesso: 20 de Abril de 2011
REDIN, Euclides. O espaço e o tempo da criança - se der tempo à gente brinca 5ª. Edição. Porto Alegre: Editora Mediação, 2004.

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